Situações banais, frases feitas, gestual cômico, construções verbais sem
sentido, gestual mecânico repetido incessantemente caracterizam o teatro do
absurdo. Tais características são apresentadas nesta montagem de “Partida”,
seja no caráter enigmático e tenso das ações e falas dos personagens, seja no
soterramento físico e existencial do personagem protagonista Vinicius. Com
dramaturgia e direção de Pawlo Cidade "Partida" apresenta a
loucura a partir de um simples desarranjo, uma simples contradição no interior
da razão. É um espetáculo que prima pela interpretação, pelo jogo cênico, pela
simbiose existente entre mãe e filho, pai e nora, vida e morte. "Montar
“Partida” é a tentativa de conduzir o grupo Teatro Total a experimentação do
novo, buscando a criação de outros universos cênicos, estranhos e, ao mesmo
tempo, presentes e assemelhados ao universo cotidiano," assegura o
diretor.
“Partida” traz à reflexão para dentro do sujeito-ator, a loucura de cada
um, possuidor de uma lógica própria. É a tentativa de discutir a loucura como
necessária à dimensão humana. Afinal, é humano “quem possui a virtualidade da
loucura, pois a razão humana só se realiza através dela.” (Hegel). Os delírios
paranoides do protagonista apresentam-se como sintomas positivos em meio às
alucinações momentâneas e o comportamento agressivo.
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